segunda-feira, 11 de junho de 2007

O Táxi Driver Brasileiro?

Quando assisti pela primeira vez à obra prima de Martin Scorsese que narrava a rotina massacrante e sem perspectivas de um taxista em uma Nova York suja e violenta, fiquei absolutamente fascinado. Vivido de forma magnífica por Robert de Niro, o ex-militat Travis Bickle vê na tentativa de tirar das ruas uma jovem prostituta uma motivação para sua vida medíocre, isso após tomar sucessivos foras de uma mulher que inclui uma bizarra cena em que ele a leva para uma sessão de filme pornô. Enfim, todas as suas frustrações e sua complacência diante das mesmas se revelam mais tarde como partes de um processo de degradação moral que no fim o levariam à perda total da razão. Ou seja, o homem "pira". Mas o que isso tem a ver com o filme brasileiro?. Bem, antes de assistir O Cheiro do Ralo, baseado no livro homônimo de Lourenço Muttarelli, eu já tinha lido e ouvido comentários que este trazia algumas semelhanças com TaxiDriver, e ao ver o filme pude constatar que de fato a vida do personagem de Lourenço vivido de forma também especial por Selton Mello me lembrou muito o filme de Scorsese. Vivendo de forma decadente comprando e vendendo objetos usados, ele também tem uma vida amorosa fracassada e não sabe se relacionar com seus clientes sem humilha-los. Assim como Travis, Lourenço se sente deslocado em um mundo a qual eles prefeririam não pertencer. Sua obsessão pelo tal, "cheiro do ralo", tal qual a obsessão que Travis mais tarde desenvolveria pelas armas são usadas como válvula de escape para seres sem esperança e como partes da estrada que os levaria para a beira do abismo, abismo este que eles acabariam por saltar. Como crônicas da vida de duas pessoas sem perspectivas, estes dois filmes nos apresentam personagens que estão ao nosso redor, pessoas como nós, mas que não souberam administrar suas angústias ou preferiram não administra-las.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A velha questão das sequências.


Quando me deparei com o cartaz acima, muito bonito por sinal, foi inevitável não levantar a boa e velha questão que vai existir enquanto algum ser humano ainda fizer cinema nesse planeta. Até que ponto as sequências são relevantes? Bem, cada um sabe a relevância que determinado filme tem pra si mesmo e pra sua vida, mas existem casos em que fica ralmente difícil acreditar na razão de ser de certas películas. É o caso desse Extermínio2 que chega para suceder o de mesmo nome alguns anos depois, mas que sequer foi dirigido, e muito menos escrito pelo senhor Danny Boyle, o responsável pelo excelente primeiro filme. É fato que ele foi o produtor o que significa que de alguma forma ele compactua com isso, mas isso não nos (me) elimina uma sensação de: e daí?
Diga-se de passagem, esse episódio me lembrou muito do filme 2010:O Ano em que Faremos Contato que veio com a proposta de ser a continuação do soberbo e genial 2001:Uma Odisséia no Espaço do mestre Stanley Kubrick. É bom lembrar que após terminar as filmagens Stanley destruiu todas as maquetes que foram usadas no filme para que não "intrometessem" na sua história futuramente. O que acabou acontecendo. É certo que vamos deparar com isso por de todo o sempre na história da sétima arte, mas talvez seja melhor os diretores começarem a destruir suas maquetes....