Quando assisti pela primeira vez à obra prima de Martin Scorsese que narrava a rotina massacrante e sem perspectivas de um taxista em uma Nova York suja e violenta, fiquei absolutamente fascinado. Vivido de forma magnífica por Robert de Niro, o ex-militat Travis Bickle vê na tentativa de tirar das ruas uma jovem prostituta uma motivação para sua vida medíocre, isso após tomar sucessivos foras de uma mulher que inclui uma bizarra cena em que ele a leva para uma sessão de filme pornô. Enfim, todas as suas frustrações e sua complacência diante das mesmas se revelam mais tarde como partes de um processo de degradação moral que no fim o levariam à perda total da razão. Ou seja, o homem "pira". Mas o que isso tem a ver com o filme brasileiro?. Bem, antes de assistir O Cheiro do Ralo, baseado no livro homônimo de Lourenço Muttarelli, eu já tinha lido e ouvido comentários que este trazia algumas semelhanças com TaxiDriver, e ao ver o filme pude constatar que de fato a vida do personagem de Lourenço vivido de forma também especial por Selton Mello me lembrou muito o filme de Scorsese. Vivendo de forma decadente comprando e vendendo objetos usados, ele também tem uma vida amorosa fracassada e não sabe se relacionar com seus clientes sem humilha-los. Assim como Travis, Lourenço se sente deslocado em um mundo a qual eles prefeririam não pertencer. Sua obsessão pelo tal, "cheiro do ralo", tal qual a obsessão que Travis mais tarde desenvolveria pelas armas são usadas como válvula de escape para seres sem esperança e como partes da estrada que os levaria para a beira do abismo, abismo este que eles acabariam por saltar. Como crônicas da vida de duas pessoas sem perspectivas, estes dois filmes nos apresentam personagens que estão ao nosso redor, pessoas como nós, mas que não souberam administrar suas angústias ou preferiram não administra-las.
segunda-feira, 11 de junho de 2007
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3 comentários:
ainda não vi nenhum dos dois. na verdade, taxi driver eu vi numa madrugada, depois de chegar em casa bebado. mas a relação das influências é algo realmente interessante. bom texto, rafael, mói mais aí.
quero ver esse filme rápido!
valeu pelo comentário, depois escreve aí como foi a experiência com o disco!
abç
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